Home
International Encyclopaedia
of the Histories of Anthropology

Sob o signo de Notes and Queries on Anthropology: o trabalho de campo de Lamberto Loria na Nova Guiné Britânica

Fabiana Dimpflmeier

Università «Gabriele d’Annunzio» di Chieti – Pescara

2019
To cite this article

Dimpflmeier, Fabiana, 2019. “Sob o signo de Notes and Queries on Anthropology: o trabalho de campo de Lamberto Loria na Nova Guiné Britânica”, in BEROSE International Encyclopaedia of the Histories of Anthropology, Paris.

URL BEROSE: article1756.html

Download the PDF

Published as part of the research theme “History of Italian Anthropology”, directed by Giordana Charuty (EPHE, IIAC).

Mais conhecido em Itália pelo papel que desempenhou na consolidação de uma tradição etnográfica dedicada ao próprio contexto italiano, Lamberto Loria (1855-1913) tem vindo a ser descoberto pela sua observação etnográfica da Melanésia e em particular da Papua Nova Guiné (então Nova Guiné Britânica, na metade oriental da ilha da Nova Guiné) com duas décadas de antecedência em relação a Bronislaw Malinowski, podendo porventura ser considerado um precursor do desenvolvimento do trabalho de campo antropológico. O presente artigo centra-se precisamente nessa sua experiência capital na Papua Nova Guiné [1]. Ao deixar a Itália no final de 1888 com destino à Oceânia, ’Eldorado dos naturalistas’, [2] Loria tinha organizado a estadia de forma a ter tempo suficiente para explorar a parte sudeste da Nova Guiné britânica. Os seus interesses eram vastos: as características geográficas, o clima, os animais, as plantas, a fisionomia dos nativos e, por fim, os seus costumes - das habitações à alimentação, dos instrumentos de trabalho às crenças e, em termos mais gerais, o seu modo de vida. Esta viagem é então merecedora de especial atenção - ou melhor dizendo, estas viagens, uma vez que Loria viajaria duas vezes até à Nova Guiné, durante sete anos no total. A documentação produzida seria rica em detalhes. E é nesse segundo período, só recentemente estudado, que Loria passa de naturalista viajante a verdadeiro etnógrafo.

1888-1890: a primeira viagem

As duas viagens de Loria à Nova Guiné britânica ocorreram nas seguintes datas: a primeira de finais de 1888 a Novembro de 1890; a segunda de Abril de 1891 aos primeiros meses de 1897. Loria desembarcou na ilha da Nova Guiné como ’o terceiro viajante italiano’, seguindo a tradição estabelecida pelo botânico Odoardo Beccari e pelo explorador e caçador Luigi M. D’Albertis, que ali haviam permanecido por muitos anos. [3] O que o distingue dos seus dois antecessores é o seu maior interesse pelo lado ’humano’ das suas explorações. Ao partir para a Melanésia, Loria levou consigo a primeira edição de Notes and Queries on Anthropology, for the Use of Travellers and Residents in Uncivilized Lands (1874), cuja secção cultural é muito mais rica e clara do que as encontradas em publicações semelhantes que circulavam em Itália na altura, por exemplo Istruzioni per lo studio della psicologia comparata delle razze umane. [4]

Imagem 1
De: Dimpflmeier, Fabiana, Puccini, Sandra. 2018. Nelle mille patrie insulari. Etnografia di Lamberto Loria nella Nuova Guinea britannica (1888-1897). Roma, Cisu, p. 358.

Quando Loria chegou a Port Moresby no início do verão de 1889, após cerca de seis meses de viagem, escolheu o rio Kemp Welch como área de coleta de espécimes naturais. Devido a uma estação ’particularmente seca’, foi forçado a adiar para o verão seguinte o seu objetivo de uma incursão mais abrangente, pelo que se limitou a restritas explorações da costa e ilhas adjacentes. Indo na direção sudeste na companhia do taxidermista Amedeo Giulianetti, passou os meses de julho, agosto e setembro na área entre Kapa-Kapa, Hood Bay e Golfo de Aroma. Prosseguiu então para Samarai e em outubro foi para a Austrália para reparar a sua embarcação. De volta ao mar, realizou uma longa viagem de 16 de outubro até ao final de janeiro de 1890, que o levou à costa nordeste da Papua Nova Guiné até a baía de Dyke Acland, numa tentativa mal sucedida de estabelecer boas relações com os nativos e explorar o interior. Na volta, parou no arquipélago de D’Entrecasteaux e terminou o seu périplo marítimo na ilha de Killerton, em Milne Bay. No dia 5 de fevereiro partiu para as ilhas Fergusson, Trobriand e Woodlark com ’fins etnológicos’, [5] aí permanecendo até meados de março. A viagem foi concluída entre maio e setembro de 1890 com um regresso ao longo do rio Kemp Welch e uma exploração das áreas circundantes, após uma segunda e difícil estada na Austrália, onde ficou devastado pela notícia da morte de sua irmã Corinna. A 26 de novembro de 1890, regressou a Itália.

Os primeiros interesses de Loria na Papua Nova Guiné giravam principalmente em torno de aquisições naturalistas e etnográficas: continuou sobretudo a coletar espécimes de animais e insetos durante a sua permanência na Nova Guiné, adquirindo muitos de grande interesse científico. Mas havia numerosos itens nativos nesse lote, fruto de um agitado tour de force etnográfico, conseguido através de troca, regateio e inclusive roubo: 2220 objetos, mais exatamente, não incluindo caveiras e outros ossos. [6] A coleção contém uma quantidade de ferramentas de trabalho, armas, móveis, utensílios cortantes e de cozinha, vasilhas e cerâmicas, artigos domésticos, para o cultivo do solo, redes para caça e pesca, modelos de barcos com adornos em tamanho real, instrumentos musicais, frisos para cabanas e, sobretudo, uma grande quantidade de roupas e ornamentos de uso quotidiano, festivo e funerário. [7]

A primeira viagem também ofereceu muitas oportunidades para ver de perto as populações nativas, para descrever objetos e habitações, para investigar costumes e tradições e experienciar a vida local. Graças às missivas enviadas ao seu amigo Giacomo Doria - principal fonte para a reconstrução de muitas partes da primeira viagem - sabemos que Loria ficava frequentemente nas cabanas dos líderes da aldeia, residindo por períodos relativamente longos na mesma localidade. Foi-lhe também permitido participar nas Cuiriga, festividades que tinham lugar em Kalo no final de agosto. Foi uma experiência única: Loria teve a oportunidade de deambular livremente entre os nativos acompanhado pelo intérprete A. C. English e pelo chefe Badili-Sceri. Anotou tudo o que viu e entrevistou os nativos sobre os significados das numerosas danças que se seguiam umas às outras de forma incessante. Ficou sinceramente desapontado pelo facto de a sua máquina fotográfica estar avariada, impedindo-o de reproduzir ’motivos paisagísticos’ e ’grupos pictóricos’.

Embora de uma forma um tanto desestruturada, o explorador parece, desde o início, estar a desenvolver uma prática de observação participante, marcada pela curiosidade, que se manifesta em descrições precisas e detalhadas. Além disso, mesmo na sua primeira viagem, Loria começou a complementar as suas descrições espontâneas com investigações mais rigorosas na linha das Notes and Queries, como demonstrado por um longo relato da tribo Motu numa das suas cartas. [8]

A parte mais interessante das observações iniciais de Loria reside na necessidade que sentiu de especificar o nível de veracidade e exatidão das informações que registava. Isso é um sinal claro da ligação de Loria à busca, típica do século XIX, de dados positivos, bem como do facto de que havia questões metodológicas que estavam a ser colocadas por ele, mesmo que implicitamente, em relação com a sua visão das coisas. Embora ele defina as suas notas como um mero ’esboço desordenado’ e escrito sem ’nenhuma pretensão de verdade ou exatidão’, [9] ele considera-as, no entanto, ’essencialmente’ dignas de confiança devido à forma específica como as reuniu. ’Já que me preocupo escrupulosamente em apurar a verdade das coisas que quero descobrir’, diz claramente, ’e em cotejá-las com frequência; e uma vez que, sempre que possível, procuro não me satisfazer com aquilo que ouço, mas sim tento verificá-lo com os meus próprios olhos; ouso lisonjear-me a mim próprio dizendo que as notas que recolho, mesmo que sejam inexatas ou até erróneas nos detalhes mais pequenos, são essencialmente verdadeiras’. [10] Loria não se limita a registar as suas impressões e a relatar o que é traduzido dos informantes; ele presta uma atenção notável à maneira como pode abarcar distanciadamente a cosmovisão nativa através de perguntas repetidas e conectadas e de uma contínua verificação visual - isto é, usando os cavalos de batalha da ciência ocidental, o raciocínio lógico e a observação direta.

A experiência de Loria no terreno também favoreceu nele a consciência de que ’é a limitação do tempo’, acentuada pelo simples ’orgasmo de deambular’, que o impede de ’aguardar pacientemente o desenvolvimento das observações e da narração’. [11] Além disso, na prática muitas dificuldades imprevisíveis podiam impedir ou retardar o registo dos costumes. Era necessário ter paciência, assim como dedicação e astúcia, para obter informações. Finalmente, havia o problema linguístico: como ele precisava de um intérprete, ’alguns factos e notas estão sujeitos às inevitáveis adulterações feitas ao discurso original quando traduzidos por um intermediário’. [12] Em suma, o terreno - o contacto diário com a alteridade, os olhares, as trocas, os mal-entendidos, a interação numa vida temporariamente partilhada - criou em Loria a necessidade de um novo método de trabalho. Mas, mais ainda, essa necessidade começava a obcecá-lo - de tal forma que, quando regressou à Nova Guiné, a sua investigação já não era dominada pela recolha de espécimes centrada na investigação naturalista e na cultura material, mas pelos aspetos mais propriamente ’humanos’ das culturas.

1891-1893: a segunda viagem (primeira parte)

Quando Loria regressou à Nova Guiné Britânica em abril de 1891 (para aí permanecer até ao final de 1893), a zoologia desempenhou ainda um papel predominante na organização das suas deslocações: muitos meses foram dedicados à exploração da área de Iarumi-Lakumi e à escalada da montanha Obree (finais de 1891), e mais tarde ao reconhecimento da área de Moroka (junho-novembro de 1893). As coleções foram gradualmente confiadas ao assistente Giulianetti. Na recolha de artefactos, Loria tornou-se mais seletivo: nos cinco anos da sua segunda estadia, apenas 1400 objetos foram enviados para Itália.

O ponto de partida do trabalho de Loria encontra-se assim virado do avesso, mostrando a distância crescente entre o seu modus operandi e o dos seus antecessores italianos.

Imagem 2
De: Dimpflmeier, Fabiana, Puccini, Sandra. 2018. Nelle mille patrie insulari. Etnografia di Lamberto Loria nella Nuova Guinea britannica (1888-1897). Roma, Cisu, p. 359.

A primeira excursão dedicada exclusivamente à observação etnográfica começou em abril de 1892, quando ficou três semanas com os Maghibiri (perto da zona nordeste da cordilheira do Astrolábio). Foram dias de completa imersão na vida nativa. Acompanhado por George Belford, um caçador experiente bem familiarizado com a região e contratado em Port Moresby, Loria hospedou-se na casa do chefe da aldeia e teve uma receção calorosa por parte dos habitantes locais: pôde deambular à vontade e observar de perto as suas atividades, e mesmo participar nelas. Para o registo dos costumes foi assistido por ’um nativo chamado Ossiva Maraga que’ - salienta Loria - ’frequentou uma escola [13] em Port Moresby durante dois anos e por isso conhece muito bem Motu, podendo assim conversar com Belford, que interpreta para mim as suas palavras’. [14] As notas de Loria foram escritas nas páginas do seu diário, tematicamente divididas segundo as categorias contidas na secção ’Culture’ das Notes and Queries. A sua atenção focava-se particularmente em crenças religiosas, superstições e magia; práticas matrimoniais e reprodução; formas de obter e cozinhar alimentos (caça, pesca, agricultura e refeições); doenças e curas nativas; e guerra - todos tópicos que permaneceriam centrais na sua pesquisa nos anos que passou na Nova Guiné.

Seguiram-se estadias mais breves em 1893, quando Loria organizou uma viagem etnográfica ao longo da costa sudeste da Nova Guiné Britânica com paragens na ilha de Lalu-Olo entre os Mailu (25 de janeiro-11 de fevereiro), em Maopa na região de Aroma (14-17 de fevereiro) e em Irupara e Kamali na baía de Hood no final de novembro, após ter recuperado, na Austrália, de um tumor na perna. Loria foi assistido por intermediários locais nessas experiências: dois professores da London Missionary Society nos dois primeiros casos e, no terceiro, o inglês naturalizado papua, R.E. Guise. Nas suas investigações, Loria optou por seguir um conjunto quase idêntico de categorias temáticas em cada uma dessas paragens, a fim de poder observar ’apenas as diferenças e afinidades substanciais’ que encontrasse entre as diferentes populações. [15] Além disso, pela primeira vez utilizou a fotografia como auxiliar direto da sua pesquisa etnográfica, tirando principalmente fotografias de objetos e casas. Não há menção de fotografias antropológicas, tampouco de moldes ou de medições antropométricos, apesar das tentativas iniciais e da intenção frequentemente expressa de avançar um método que incluísse, a par dos aspetos culturais, os anatómicos, morfológicos e fisiológicos.

Globalmente, em comparação com a sua viagem de 1888-1890, é evidente que nesta primeira parte da segunda viagem Loria começou a organizar as suas atividades de modo a dedicar mais tempo aos seus interesses etnográficos, ultrapassando de alguma forma a ’limitação de tempo’ que tinha referido na sua carta de 1890. No entanto, também é verdade que ’o orgasmo de deambular’ ainda estava muito presente. As paragens dedicadas à etnografia eram geralmente ’experiências relâmpago’ entre excursões naturalistas, com o objetivo de maximizar a eficácia de cada estadia tanto quanto possível; o tempo dedicado às várias tribos era apenas suficiente para explorar as categorias das Notes and Queries e certamente não foi utilizado para aprender os dialetos locais. Em suma, Loria parece ter feito uma ’coleta de costumes’ um pouco como havia coletado objetos durante a sua primeira viagem: com a intenção de cartografar populações ainda desconhecidas e registar semelhanças e diferenças entre elas que mais tarde poderiam servir para identificar o seu lugar na escala da civilização.

A abordagem então utilizada por Loria é comparável aos levantamentos realizados durante a famosa expedição de A.C. Haddon e sua equipa ao Estreito de Torres em 1898. Haddon e seus companheiros viajaram ao longo da costa de missão cristã em missão cristã, ora entrevistando os missionários sobre os costumes dos nativos, ora recorrendo a eles como intérpretes, tirando numerosas fotografias e recolhendo objetos em períodos relativamente curtos, pouco diferentes dos de Loria. [16] Além disso, apenas um deles, Sidney Ray, era um linguista especializado em línguas e dialetos melanésios - na verdade, em modo autodidata, recorrendo às traduções dos Evangelhos feitas pelos missionários, e que então pisava o território da Nova Guiné pela primeira vez.

Além de ter uma experiência de terreno muito maior, no total, do que os cerca de seis meses da expedição de Haddon, Loria revelou sensibilidade para registar dados etnográficos, avançando um conjunto estruturado e metódico de critérios de investigação úteis para ulteriores comparações - critérios difíceis de encontrar no trabalho de campo britânico e nas Notes and Queries do seu tempo, inclusive as publicadas em números do Journal of the Anthropological Institute. Além disso, Loria deixou a ’famosa varanda’ sempre que pôde, para explorar as aldeias e plantações, e participar da caça ou da pesca: não só realizou entrevistas, mas também observou a vida e as atividades quotidianas dos habitantes e fez perguntas sobre tudo aquilo que viu. Ficou não apenas nas casas dos professores, mas também nas dos nativos.

1894-1897: a segunda viagem (segunda parte)

Tentativas mais prolongadas e sistemáticas de aproximação ao terreno amadureceram em 1894, quando Loria se dedicou exclusivamente à atividade antropológica, elaborando desde o início notas sobre costumes, além de medições antropométricas. Foi um período intenso durante o qual por vezes experimentou novas condições de pesquisa, o que o levou a desenvolver uma consciência diferente sobre a qualidade dos dados etnográficos e seus modos de coleta.

A primeira paragem foi na pequena ilha de Bou, em Milne Bay, onde permaneceu de 10 a pelo menos 18 de março, assistido pelo Rev. Fred Walker da London Missionary Society e por um professor local. Loria descreveu assim a sua pesquisa num dos dias: ’Durante o dia, tirei fotografias pela manhã e depois fechei-me no meu quarto para medir os nativos, enquanto Walker, na sala, sistematizava o vocabulário e a gramática [...]. Ao cair do dia, depois de uma conversa com os nativos sobre os seus costumes, revelei as minhas fotos e fui para a cama satisfeito’. [17] Foram dias de trabalho intenso e bem planeado, facilitado pela presença de uma figura autorizada e especialista dos dialetos locais. Pela primeira vez, as notas etnográficas estavam separadas dos seus diários, como que para marcar simbolicamente a sua objetividade e valor científico.

Imagem 3
De: Dimpflmeier, Fabiana, Puccini, Sandra. 2018. Nelle mille patrie insulari. Etnografia di Lamberto Loria nella Nuova Guinea britannica (1888-1897). Roma, Cisu, p. 359.

Nos meses seguintes, aproximadamente entre finais de abril e junho de 1894, Loria voltou a residir na área da tribo Mailu, tendo-se deslocado para a ilha de Kwato de meados de julho até finais de setembro, exceto durante três semanas passadas em Suau (7 a 27 de agosto). Regressou então à costa mais a oeste, em Domara (6 a 15 de novembro), Velerupu (16 de novembro-19 de dezembro) e Kerepunu (22 de dezembro), com a intenção de ’medir os nativos de Cloud Bay até Port Moresby e ao mesmo tempo registar os seus costumes’. [18] Os seus colaboradores foram o Rev. Walker em Mailu, e em Kwato o Rev. Charles Abel, com quem Loria desenvolveu uma amizade profunda e duradoura. Nos outros casos, os intérpretes foram professores locais ou polinésios. Os frutos do seu trabalho foram uma série de fotografias antropológicas e artísticas, tabelas antropométricas e notas relacionadas (infelizmente hoje perdidas), e cerca de vinte cadernos etnográficos, que detalham os costumes de Logea, Domara e Velerupu.

Em comparação com as notas tomadas de 1891 a 1893, e embora ainda pouco distantes da linha seguida no conjunto anterior, eram agora mais precisas, mais ricas e mais profundas. Sempre tendo como referência as Notes and Queries, Loria conseguiu desta vez cobrir uma gama mais ampla de categorias de investigação e introduzir algumas que anteriormente descurara (por exemplo, lendas e sistemas de parentesco). Apareceram as primeiras transcrições das línguas locais, consequência direta de estadias mais longas e de uma maior familiaridade com o estudo dos dialetos nativos. A qualidade dos dados aumentou graças a um melhor domínio das técnicas de entrevista, à presença de um grupo maior de informantes, e à maior atenção prestada às capacidades linguísticas dos intérpretes.

Se a duração da estadia foi muito superior às dos anos anteriores, não deixa de ser verdade que o espaço dedicado ao registo de costumes ainda estava ligado a ritmos de trabalho que visavam optimizar a investigação com base na quantidade, mais do que a qualidade dos dados. Além disso, Loria ainda registava a maioria dos costumes num terceiro nível de tradução: da língua nativa para Motu, do Motu para o inglês e do inglês para o italiano. Os seus intermediários tinham muitas vezes um conhecimento imperfeito da língua utilizada, minando ainda mais a precisão científica do trabalho.

As experiências de Loria em Kwato em 1894, em estreita colaboração com o Rev. Abel, chefe da missão local, mostraram-lhe os limites desta abordagem. Este missionário inglês, ao contrário de muitos dos anteriores intermediários, estava perfeitamente familiarizado com o dialeto local, e entendia exatamente as informações que Loria queria obter dos nativos – permitindo-lhe saltar uma etapa da tradução e ter um melhor controlo sobre o decurso das entrevistas. Acima de tudo, Abel apoiava a pesquisa de Loria porque ela poderia ser útil para o seu próprio trabalho: compreender os costumes dos seus convertidos poderia ajudá-lo a ’melhor conduzi-los no caminho certo’ - uma motivação que faltava aos professores nativos e polinésios. Ao contrário destes, Abel partilhava a abordagem ’científica’ de Loria. Na verdade, ele próprio se dedicou às entrevistas com um empenho contínuo e não poupou tempo nem esforços na coleta de informações fiáveis. O seu trabalho era meticuloso, disciplinado e racional, e tinha o cuidado de garantir que os dados resultantes fossem rigorosos, completos e precisos até ao mais ínfimo pormenor: às vezes o inglês parecia mais interessado do que Loria em desvendar a ’pura verdade’ dos costumes nativos e em chegar a ’dados objetivos’.

Enquanto europeu e missionário, bem como pelo seu caráter forte e franco, Abel impunha aos nativos um respeito que não podiam exercer os professores e intérpretes papuas a que anteriormente recorrera Loria - um respeito que este, ao que parece, associou a autoridade. As ordens de Abel eram escutadas e obedecidas, e se ele quisesse que todos os nativos se reunissem todos os dias durante semanas a fio para o registo dos costumes, deixando de lado as suas tarefas diárias, então eles cumpririam. Desta forma, enquanto esteve em Kwato, Loria teve um grande grupo de informantes à sua disposição: o que significa que podia comparar resultados para verificar a sua exatidão e proceder à recolha de dados mais precisos sempre que notava incongruências. Além disso, uma vez que cada informante podia ter mais ou menos autoridade sobre um determinado assunto (devido a uma variedade de fatores, como idade, classe, papel, género, etc.), o tamanho do grupo permitiu-lhe registar uma quantidade maior de costumes.

Tudo isto - um intérprete de língua inglesa metódico e com grande influência sobre os informantes que compunham a equipa de investigação - criou as condições para que Loria pudesse dedicar muitas horas e dias a entrevistas e a aprofundar temas até então apenas brevemente mencionados. O resultado foi uma colaboração prolífica. Após cerca de vinte dias, Loria sentiu a necessidade de mais semanas para completar o seu trabalho - o que o obrigou a regressar à ilha no início de 1895. Além disso, a experiência mostrou-lhe uma nova forma de conduzir o trabalho de campo que o tornou cada vez mais consciente da baixa qualidade da sua pesquisa anterior. Ao mesmo tempo, mostrou-lhe uma forma de contornar, ainda que parcialmente, os problemas causados pela sua decisão de não aprender os dialetos locais, bem como as variáveis ligadas ao seu contacto com os nativos (contratempos, atrasos, informantes indisponíveis, etc.).

Até então, Loria havia delegado quase inteiramente nos seus informantes a responsabilidade pela exatidão dos resultados alcançados. Mas agora percebia que a melhor maneira de reduzir a distância que o separava da certeza de rigor não consistia simplesmente em saltar uma etapa da tradução, mas também em encontrar um intermediário que pudesse servir como seu estreito colaborador: alguém que abordasse a tarefa de registar os costumes com a mesma racionalidade e método que ele próprio. Não mais confiando em professores vindos de fora e por vezes inseridos na comunidade apenas pouco tempo antes, mas num missionário e especialista, Loria pôde observar a dinâmica de poder preexistente entre nativos e missionários, encontrando-se a trabalhar num ambiente já quase inteiramente domesticado, no qual era mais fácil obter todas as informações necessárias.

Assim começou o período final de Loria em solo papuano. Caracterizou-se por estadias muito mais longas - geralmente de cerca de dois meses - frequentemente concentradas em zonas mais ’civilizadas’ ou em zonas sob controlo religioso mais sistemático (o que ainda não implicava o desaparecimento dos costumes nativos que se seguiria), sendo auxiliado por missionários ou outros intérpretes europeus com um conhecimento especializado dos locais em questão. De cerca de abril a julho de 1895, Loria residiu perto da ilha de Dobu, no arquipélago de D’Entrecasteaux, assistido pelo missionário metodista Rev. William Bromilow. Do início de setembro até ao dia 21 de novembro do mesmo ano, esteve na região de St. Joseph (em frente à ilha de Yule, a norte de Port Moresby), na aldeia de Innawi, hóspede do missionário do Sagrado Coração, Padre Vitale. Pouco antes de partir para a Austrália nos primeiros meses de 1896, Loria voltou a Hood Bay. Pretendia registar os costumes das aldeias de Babaka, Kamali e Bula’a com a ajuda de Reginald E. Guise, um inglês de origem nobre que se mudara para a Nova Guiné em busca de fortuna e que por muitos anos viveu em contacto próximo com os nativos, chegando a ter esposas e filhos papuas.

Embora Loria não considerasse todas as suas estadias satisfatórias (ficou particularmente desapontado com a sua colaboração com Guise), os resultados do seu último ano de pesquisa, contidos em vinte e cinco cadernos, ultrapassaram em riqueza, precisão e variedade os dos anos anteriores. Em particular, as condições favoráveis de pesquisa encontradas em Dobu permitiram-lhe abranger melhor a totalidade da cultura local e registar os seus diferentes aspetos de forma mais meticulosa. Ainda que continuasse bem presente, o quadro de análise fornecido pelas Notes and Queries foi ampliado, permitindo um relatório mais rico e mais livre. Esta excursão de Loria pelo sul da região de Massim merece comparação com o trabalho produzido por alguns nomes importantes da antropologia da Melanésia: The Melanesians of British New Guinea, de Charles G. Seligman, os muitos estudos de Bronislaw Malinowki sobre os Trobriandeses e, sobretudo, The Sorcerers of Dobu de Reo Fortune.

Em apoio a esta forma nova e mais cuidadosa de abordar o trabalho de campo, Loria começou a utilizar a fotografia com cada vez mais frequência e de um modo mais variado - particularmente em duas viagens ao longo da costa e à Baía de Hood, uma em dezembro de 1895 e a outra de março a abril de 1896. Usou duas máquinas fotográficas: uma 13x8 para fotos estáticas e uma 9x12 para fotos de alta velocidade. Permitiram-lhe tirar um grande número de fotografias, que ’podiam dar o lado mais saliente e natural da vida papua’. [19] Loria usou a fotografia para ’captar’ tudo o que não podia literalmente ser coletado e transportado (atitudes, gestos, ou aldeias inteiras) e para lhe permitir completar mais tarde as suas notas etnográficas, auxiliado pelo apoio visual-mnemónico das fotografias. Poder-se-ia dizer que as fotografias serviram como base de estudo e como integração da sua pesquisa: tanto fazem parte do processo de produção de dados primários (juntamente com ou no lugar dos objetos de cultura material), como são produtos desse mesmo processo - verdadeiros ’cadernos visuais’. Em suma, o meio fotográfico tornou-se, muito mais do que anteriormente, parte integrante da sua prática de trabalho de campo e o meio mais útil para registar os costumes de forma completa e verdadeira.

A etnografia papua de Lamberto Loria

Em julho de 1896, Loria deixou a Nova Guiné e realizou uma excursão de vários meses na Austrália, nomeadamente em Queensland, Victoria e New South Wales. Partiu depois para a Itália, onde chegaria no início de 1897. No total, Loria levou para casa numerosos espécimes naturais, ossos, artefactos etnológicos, dois diários de viagem compostos por vinte e quatro cadernos (fontes inestimáveis para reconstituir igualmente a vida da colónia britânica), mais de vinte cadernos de notas etnográficas, além de outros papéis, cartas e esboços de livros, e cerca de 1500 placas fotográficas. Todas estas coleções estão atualmente conservadas em Itália: as coleções naturais no Museu Civico di Genova; as coleções antropológicas no Museo Antropologico ’Giuseppe Sergi’, em Roma, e no Museo di Storia Naturale em Florença; as coleções etnográficas, diários, notas de campo e fotografias no Museo delle Civiltà - MPE ’Luigi Pigorini’, em Roma (alguns outros materiais encontram-se no Museo Civico Archeologico Etnografico, em Modena). As notas etnográficas foram recentemente transcritas. [20]

Os planos de Loria para a totalidade da sua recolha de dados parecem bastante claros. Em vários momentos da sua segunda viagem, mencionou a intenção de escrever artigos ou livros (sozinho, com Bromilow ou com Guise), e apesar das dificuldades que encontrou e das colaborações por vezes dececionantes, já antes da sua partida da Melanésia Loria parecia inclinado a confiar à revista Archivo di Antropologia ed Etnologia (AAE) os seus estudos tanto sobre Bula’a como sobre Dobu. Além disso, anotou no seu diário que pensava ser capaz de ’escrever um livro comparando os costumes papuas com os quais [estou] familiarizado: os dos Magebiri [sic], Innawi, Rigo, Bula’a, Kamali, Mailu, Velerupu, Logia [sic] e Dobu - nove tribos separadas por distâncias mais ou menos iguais entre a Ilha Yule e o Arquipélago de D’Entrecasteaux’. [21] Apenas dois artigos foram publicados durante a sua estadia: uma missiva escrita a Cesare Lombroso sobre o fenómeno da histeria nas mulheres papuas na revista Archivio di Psichiatria; e uma carta escrita a 10 de abril de 1895, endereçada a Matthew H. Moreton (magistrado da Divisão Oriental da Nova Guiné Britânica), publicada nos Annual Reports of British New Guinea de 1894-1895, intitulada ’Notes on the Ancient War Customs of Logea and Neighbourhood’.

Quando chegou à Austrália - onde teve a oportunidade de examinar e apreciar os artefactos recolhidos por MacGregor - Loria jurou regressar três ou quatro anos antes de publicar as suas notas. ’Qualquer estudo da Nova Guiné que não levasse em conta a coleção única e esplêndida de MacGregor’, disse ele, ’seria incompleto e de pouco valor’. [22] Mas neste período, o artigo do ano anterior sobre os costumes de guerra de Logea apareceu no Gippsland Times (um jornal de Victoria), quase inalterado; e deu uma entrevista sobre as suas experiências na Papua Nova Guiné que seria publicada - tanto de forma abreviada como na íntegra - em muitos dos jornais de Queensland.

Ao regressar a Itália, Loria expressou oficialmente a vontade de compor um estudo comparativo das populações e costumes indígenas das muitas aldeias da Papua Nova Guiné, que mais tarde seria estendido aos povos australianos e polinésios. [23] Loria também prometeu vários artigos sobre ’o que tinha visto e observado’, [24] que poderiam ser ilustrados a partir de mais de mil negativos que trouxera na bagagem. [25] Em particular, planeava publicar um ensaio sobre sistemas de parentesco na Papua: ’um assunto muito interessante que não tem sido muito estudado, e ao qual’, diz ele, ’tenho dedicado muita atenção’. [26] Além disso, decidiu descrever as coleções que havia vendido ao Museo Preistorico Etnografico di Roma - uma tarefa difícil, especialmente considerando que queria identificar todas as outras coleções de artefactos papuas na Itália e no estrangeiro, e que também pretendia publicar monografias sobre aspetos específicos da cultura material melanésia - ’sobre mocas, lanças, etc.’. [27]

Quando regressou a casa, Loria já não era um viajante-naturalista. Também não era um mero colecionador; é claro que os objetos que recolheu eram apenas uma das componentes que poderiam ajudar a reconstruir os costumes dos povos papuas. As informações que obteve no campo, com a ajuda das suas muitas fotografias, simultaneamente aproximavam-no e afastavam-no da figura do antropólogo de gabinete. Loria já não estava apenas no papel de fornecedor de dados para os teóricos, pois era ele que tencionava usar os seus próprios dados, inclusive de forma comparativa; ao mesmo tempo, as suas experiências diretas proporcionavam-lhe uma visão sobre os nativos que um antropólogo de gabinete não poderia alcançar.

Por um lado, os limites impostos pelo recurso a instruções de viagem britânicas e, por outro, a longa duração da estadia levaram Loria a enfrentar novas questões sobre a etnografia enquanto prática intensiva - questões que caberia na verdade a Malinowski formular mais explicitamente e resolver décadas mais tarde, sendo por esta via, e não através de Loria, que mudariam o significado da antroplogia e o papel do antropólogo. As contribuições de Loria são assim comparáveis às da geração de antropólogos de campo formados por Haddon, Charles G. Seligman e William H. Rivers em Cambridge, Oxford e na London School of Economics, pois este triunvirato insistiu fortemente na importância de fazer etnografia. Mas Loria permaneceu na Nova Guiné por períodos de tempo progressivamente mais longos, observando as práticas e os costumes de perto e antecipando efetivamente o papel central dado ao trabalho de campo na posterior renovação da disciplina. Além disso, revelou sensibilidade para os aspetos metodológicos da coleta de dados, como seja o uso de intérpretes confiáveis e o recurso a um número adequado de informantes para obter informações ’verdadeiras’ - aspetos metodológicos que, juntamente com a necessidade de aprender os dialetos locais, seriam desenvolvidos em trabalhos posteriores, com Malinowski a reivindicar protagonimo nessa revolução. Na verdade, para ver formulados de forma estruturada os aspetos metodológicos do trabalho de Loria entre 1889 a 1896 seria preciso esperar até 1912, quando foi lançada a quarta edição de Notes and Queries, contendo as reflexões da ’Cambridge School’ na década seguinte à expedição ao Estreito de Torres. Esta quarta edição, de acordo com James Urry, ’não era tanto um guia para viajantes como um manual de conselhos para observadores mais qualificadamente treinados; um manual para uma nova era de pesquisa antropológica que se baseava em métodos mais exatos’. [28] A razão pela qual Loria não desempenhou esse papel na história da antropologia prende-se com o facto de não ter cumprido os seus planos de escrita. De volta à Itália, Loria tinha projetos antropológicos e etnográficos que podiam mantê-lo ocupado por muitos anos. Mas nos sete anos que se seguiram (1897-1905) realizou muito poucas conferências sobre as suas viagens e pesquisas, e publicou apenas dois artigos sobre temas etnográficos e um punhado de outros sobre fotografia. A descoberta dos seus manuscritos permite contudo imaginar contra-histórias, alternativas à narrativa que centra em Inglaterra a revolução etnográfica.




[1Traduzido do inglês por Frederico Delgado Rosa. Para uma visão mais abrangente da vida e obra de Lamberto Loria, ver F. Dimpflmeier, «From Italy to British New Guinea and Back: Life, Ethnography and (Field)work of Lamberto Loria», in Bérose Encyclopédie internationale des histoires de l’anthropologie, de que o presente artigo é uma versão portuguesa abreviada. Ou ainda F. Dimpflmeier e Sandra Puccini, Nelle mille patrie insulari. Etnografia di Lamberto Loria nella Nuova Guinea britannica (1888-1897), Roma, Cisu, 2018.

[2Loria, Lamberto. 1897. ’I viaggi del dott. Lamberto Loria nella Nuova Guinea’, Bollettino della Società Geografica Italiana, 1897, VI, pp. 156-161: 156.

[3Loria, Lamberto. 1890. ’Lamberto Loria alla Nuova Guinea’, Bollettino della Società Geografica Italiana, 1890, III, pp. 479-494; 558-586: 480.

[4Particularmente dignos de menção são os artigos dedicados à antropologia e etnologia de Arturo Zannetti e Enrico H. Giglioli, ’Istruzioni scientifiche per i viaggiatori’, 1874. Outros conjuntos de instruções, mais seletivos, foram elaborados pelo Ministério da Educação Pública, pela Marinha e por viajantes individuais.

[5Loria. 1890. ’Lamberto Loria alla Nuova Guinea’, op. cit., p. 585.

[6Quanto aos ’roubos’ de Loria e à má reputação dos italianos na Austrália e na Nova Guiné Britânica, ver Dimpflmeier, Puccini. 2018, Nelle mille patrie insulari, pp. 151-152.

[7Colini, Angelo. 1891. Collezione etnografica della penisola S. E. della Nuova Guinea collezionata dal Dott. Lamberto Loria”, Bollettino della Società Geografica Italiana, 1891, IV, pp. 830-840: 831.

[8Loria, Lamberto. 1890. ’Lamberto Loria alla Nuova Guinea’, op. cit.

[9Ibid, p. 575.

[10Ibidem.

[11Ibidem.

[12Ibid, p. 576.

[13Um nativo convertido e instruído por missionários para difundir a fé cristã.

[14Archivio Storico del Museo delle Civiltà – MPE ‘Luigi Pigorini’ [AS], 247c, II, III, p. 278.

[15AS, 247c, II, V, p. 569.

[16De acordo com George W. Stocking, ’a maior parte do trabalho da expedição [...] consistiu em breves estadias entre nativos sob influência dos missionários; nenhum dos investigadores aprendeu uma língua nativa, e muitos dos dados etnográficos coletados tinham um caráter algo aleatório. Apesar da genialidade científica e transcultural de Haddon, a evidência documental sobrevivente sugere que ele não era um excecional trabalhador de campo. Embora tenha recolhido muitos crânios e artefactos, as notas de campo propriamente ditas constituem uma minúscula parte dos seus extensos papéis e são ultrapassadas em muito pelas notas de leitura sobre os escritos de outros e pelas cartas que lhe eram enviadas por missionários, comerciantes e outros com quem manteve troca de correspondência’ (Stocking. George W. 1995. After Tylor. British Social Anthropology, 1888-1951. Madison: University of Wisconsin Press, pp. 111-112).

[17AS, 247c, II, VIII, p. 868.

[18AS, 247c, II, IX, p. 28.

[19AS, 247c, II, XIII, p. 133.

[20E estão disponíveis online no seguinte site (em italiano):
http://www.cisu.it/images/PDF/Loria/appendici%20dimpflmeier%20puccini.pdf

[21AS, 247c, 2.13, DNGB, II, XIII, pp. 129-130.

[22AS, 247c, 2.18, DNGB, II, XVIII, p. 348.

[23Loria. 1897. I viaggi del dott. Lamberto Loria nella Nuova Guinea, op. cit., p. 159.

[24Ibid., p. 160.

[25Ibid., p. 158.

[26Ibid., p. 159.

[27Ibidem.

[28Urry, James. 1972. ’Notes and Queries on Anthropology’ and the Development of Field Methods in British Anthropology, 1870-1920’, Proceedings of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland, pp. 45-57: 51-52.